O resultado do teste de segurança do Chevrolet Onix, promovido pelo Latin NCAP, gerou grande repercussão no país, não só pelo modelo ser líder de vendas, mas também por conta da preocupação de boa parte dos brasileiros com a segurança automotiva. No entanto, de acordo com o jornalista Fernando Calmon, da Coluna Alta Roda, a nota zero do modelo é “sensacionalismo barato”.
Segundo Calmon, os procedimentos montados pelo Latin NCAP são diferentes daqueles executados pelo Euro NCAP, onde a União Europeia obrigou seus membros à unificarem suas exigências de segurança, apesar das diferenças sócio-econômicas entre os países integrantes.
No caso brasileiro, o país não tem fronteiras livres com boa parte de seus vizinhos e nem uma moeda comum. Assim, existem diferenças nas exigências de segurança na região. Citando um teste da Ford Ranger, Calmon fala que o Latin NCAP decidiu “punir” o fabricante por vender a picape em configuração básica na Colômbia, sendo que essa opção não é oferecida no Brasil.
Ele também menciona o exemplo do Nissan March nacional, que é igual ao feito no México, mas a mudança nos protocolos – com rara consulta aos fabricantes – gera não só dúvidas no consumidor, mas também a perda de estrelas. Em caso recente, lembrado pelo NA, o Renault Clio perdeu as três estrelas por ser oferecido na Colômbia sem airbags. Após o compromisso da marca francesa em rever a segurança do modelo naquele país, o Latin NCAP manteve a classificação anterior para o brasileiro, enquanto o colombiano permaneceu sem estrelas.
No caso europeu, Calmon comenta que não se submetem a testes carros com diferentes protocolos de segurança antes de seis anos. Além disso, o Euro NCAP possui um mecanismo para diferenciar os pacotes básicos de segurança dos mais avançados, chamado Dual Rating, em que um mesmo modelo apresenta duas classificações. De acordo com a entidade: “permite gradualidade nas opções de compra, mantendo carros a preços acessíveis, mas ao mesmo tempo dando oportunidade aos consumidores de obter importantes tecnologias de segurança”.
Como já citado acima, o fabricante pode se comprometer em reequipar o modelo com baixa pontuação, mas também pode rever o teste com um veículo atualizado. Nesse caso, a marca “patrocina” uma nova avaliação para que se possa conquistar mais uma ou duas estrelas. Foi o caso do Ford EcoSport por aqui, que ganhou quatro estrelas e, após críticas do Latin NCAP, recebeu atualização e um exemplar foi cedido (daí o patrocínio) para efetuar novamente o teste, onde ganhou cinco estrelas. A entidade escolhe a unidade que irá testar.
O jornalista Fernando Calmon também fala que a entidade regional com sede em Montevidéu, Uruguai, “dramatiza” seus relatórios com frases apelativas, tais como “grande desilusão” ou “ficamos decepcionados”. Já a associada nacional, a Proteste, pede um recall com a finalidade de retirada do mercado de carros que vão mal no teste, sem previsão em qualquer legislação do mundo, finaliza o colunista, que classifica a atitude como “sensacionalismo barato”.
Por fim, ele menciona o fato de o Brasil ter a norma NBR 16204, que regulamenta exatamente o teste de colisão lateral nos veículos, a principal crítica do Latin NCAP no caso do Onix. A resolução, no entanto, entrará em vigor apenas em 18 de agosto de 2018 e ainda terá de regulamentada pelo Conselho Nacional de Trânsito, o Contran.
Fonte: Notícias Automotivas